Esta é uma era de líderes incendiários porque a raiva é lucrativa. Nem é necessário sentir raiva; basta simular

Na semana ada, dois dos homens mais poderosos do mundo protagonizaram uma briga enorme nas redes sociais. Decidimos assistir à cena porque a alternativa — presumir que estamos nas mãos de seres selvagens — é desanimadora. Musk imediatamente agiu como se lamentasse o que aconteceu com Trump, e nós também seguimos em frente. A fúria do poder é apenas mais uma parte do espetáculo hiper-real das redes sociais: você tira o celular da bolsa no ônibus e recebe uma nova mensagem do seu parceiro, crianças estão morrendo em Gaza, o preço do jantar que você está acompanhando no Wallapop caiu e um cara com o botão nuclear perdeu a paciência, causando ataques cardíacos na mídia e nos mercados globais.
Faria Lima, o agro e a mídia querem mostrar que “o sertanejo une esquerda e direita” e que a igreja católica ainda é o melhor caminho

Os ocupantes do andar superior do PIB nacional aparentam pressa em reverter a adesão dos evangélicos e do fã-clube sertanejo à extrema direita. Afinal, perceberam que o bolsonarismo não fez as entregas ultraliberais alardeadas com o evangelho numa mão e a viola na outra. Apostou-se as fichas (contra a esquerda) no casamento do conservadorismo evangélico com a popularidade do novo sertanejo pop. Contudo, esqueceram que nem Deus conseguiria ajudar os negócios em um regime anarcofascista como aquele que se instalou aqui em 2019. Os negócios só prosperam se houver um mínimo de juízo no comando do governo.
O cansaço do eleitorado com Lula e Bolsonaro

Logo após a vitória britânica na Segunda Batalha de El Alamein, durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill pronunciou uma frase que entrou para a história: “Este não é o fim. Nem sequer o começo do fim. Mas é, talvez, o fim do começo.” A sentença do então primeiro-ministro inglês pode ser adaptada à interpretação dos dados da última pesquisa Quaest. O cansaço do eleitorado com Lula e Bolsonaro não significa, ainda, o fim da polarização que ditou a política brasileira nos últimos sete anos — mas marca o início de seu esgotamento político.
Desde há muito que Israel se tem revelado o modelo de sociedade no qual se revê a ultra direita neofascista do mundo

Em fevereiro, foi o Procurador-Geral do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan. Agora, os EUA impam sanções contra quatro juízas do TPI que abriram investigações sobre crimes de guerra e/ou contra a Humanidade praticados pelos EUA no Afeganistão e por Israel na Palestina. Todas mulheres, duas delas africanas (cidadãs do Benim e do Uganda), uma peruana, outra eslovena. Nesta linguagem descarada que a ultradireita tem, o TPI é acusado de “politização e de abuso de poder” O objetivo é intimidar todo o pessoal do TPI e bloquear as investigações em curso.
Repetida tantas vezes, a afirmação parece até verdade; questioná-la parece blasfêmia!

Economistas, enganados, ensinam que a economia é a base da sociedade, pois nela são produzidos e trocados os produtos de que necessitamos para sobreviver.
Como aceitar um pedido de desculpas do Bolsonaro ao seu algoz?

Prazeiroso assistir o cabra-macho pedir desculpas a Alexandre de Moraes por tê-lo acusado de corrupção.
Brasileiros votaram no Chega. Agora, líder do partido da direita radical diz que proporá ao Parlamento o fim do reagrupamento familiar

O Chega, partido da direita popular radical, venceu com boa margem as recentes eleições legislativas no Brasil, o que garantiu à agremiação um dos dois deputados com os quais se descolou do Partido Socialista (PS) e se tornou a segunda força da Assembleia da República de Portugal. Também em território português, brasileiros cadastrados pela Comissão Eleitoral despejaram muitos votos no Chega a despeito de todo o discurso do líder do partido, André Ventura, contra a imigração — sim, os brasileiros em Portugal são imigrantes.
Experiência artística tem como objetivo mostrar que tudo na Terra está conectado

Quem diria: nosso planeta tem um coração. Ou melhor, não exatamente um coração — mas algo que se assemelha aos seus batimentos. A imagem da Terra pulsando chegou até mim pelo LinkedIn, numa postagem que imediatamente capturou minha atenção. O vídeo, criado a partir de dados de satélite, é uma das coisas mais impressionantes que já vi. E o que seriam esses “batimentos”? Nada menos do que plantas absorvendo CO₂. Em outras palavras, nossa boa e velha fotossíntese.
Lauterpacht é responsável pelo conceito de “crimes contra a humanidade”, enquanto Lemkin criou o de “genocídio”

A cidade da Ucrânia a que hoje chamamos Lviv teve vários nomes — Lemberg, enquanto parte do Império Austro-húngaro; Lwów, denominação em polaco e a atual grafia, desde que foi anexada pela União Soviética, em 1939. É possível contar a história do longo século XX europeu a partir desta localidade. Uma história que se prolonga em forma de tragédia até aos nossos dias.
O que fazer quando todo mundo deve pra mesma pessoa…

Imagine que a União é aquela Vovozinha Rica da família, que empresta dinheiro pra todo mundo nas festas de fim de ano — e agora está cobrando. Mas ninguém tem como pagar. Estamos devendo 827,1 bilhões de reais para a velhinha. Sim, bilhões, com “b” de brasileiro preocupado. E aí vem a pergunta que ecoa dos botecos, praias e piscinas para os gabinetes mais charmosos de Brasília: o que fazer quando todo mundo deve pra mesma pessoa e ela também está com o nome sujo no Serasa moral?
O que fará Congresso em relação à incontinência fiscal do governo: nada

Em dezembro de 2022, após a aprovação da PEC da Transição, que elevou o teto para a despesa pública em R$ 145 bilhões, perguntei a um líder de um partido do Centrão o que o Congresso faria se o governo decidisse, do ponto de vista fiscal, “enfiar o pé na jaca”.
A sociedade brasileira está contaminada pela predisposição ao confronto

Fim de tarde em Vitória de Santo Antão, Rua XV de Novembro, acabara de fazer a revisão periódica da saúde bucal no consultório do meu pai. Lembro, pouco antes de sair, que ouvimos uma barulhenta discussão, entre dois homens, à beira de praticar a contravenção da “via de fatos”. As pessoas assistiam à cena entre curiosas e amedrontadas quando alguém sensato telefonou para a delegacia.
Eleger presidente da República, 27 governadores, 5.570 prefeitos e 60 mil vereadores numa única eleição

O tema é recorrente no Congresso Nacional: eleger presidente da República, 27 governadores, 5.570 prefeitos e 60 mil vereadores numa única eleição, que só ocorreria em um quinquênio, criando mandatos de 5 anos para todos os cargos eletivos, mantendo a reeleição para parlamentares (vereadores, deputados estaduais e federais), mas acabando com a reeleição para presidente da República, governadores e prefeitos. O eleitor aria a escolher, de uma só vez, os ocupantes de sete cargos diferentes.
Ex-presidente e demais acusados por tramar golpe de Estado serão interrogados e expostos ao escrutínio dos brasileiros

Os oito acusados do núcleo central da ação sobre tentativa de golpe de Estado, entre eles o ex-presidente Jair Bolsonaro, começam a ser interrogados no Supremo Tribunal Federal a partir das 14 horas desta segunda-feira. Ao contrário do que ocorreu nas oitivas das testemunhas, as sessões serão transmitidas ao vivo pela TV Justiça. Há controvérsias sobre a decisão: por um lado, isso confere transparência ao processo, por outro, espetaculariza o julgamento, com holofotes disputados por todos – juízes, advogados e réus.
A história mostrou, uma vez mais, que alianças construídas sobre o narcisismo acabam sempre em tragédia ou farsa

Era inevitável, mas nem por isso deixou de ser menos revelador. A ruptura pública entre Donald Trump e Elon Musk, transmitida em direto e em modo “vale tudo” nas redes sociais, é o fim ruidoso de uma aliança tão funcional quanto tóxica. Enquanto durou, ambos ganhavam: Trump emprestava o Estado à fantasia messiânica de Musk; Musk dava ao trumpismo o selo de inovação e o capital de influência junto das elites digitais. Durou 136 dias. E, como em todas as histórias movidas por egos e vaidade, terminou em espetáculo.