Após nova assembleia, professores da rede pública decidem manter greve
No último dia 2, professores e orientadores de escolas da rede pública do Distrito Federal iniciaram greve por tempo indeterminado
atualizado
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Os professores da rede pública do Distrito Federal decidiram manter a greve iniciada no último dia 2. A decisão – praticamente unânime – se deu por meio de votação em assembleia nesta terça-feira (10/6), no estacionamento entre o Eixo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte) e a Torre de TV.
Na sexta-feira (6/6), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino cassou a multa de R$ 1 milhão que a Justiça local estabeleceu à categoria em caso de manutenção da greve. A penalidade atendia a um pedido do Governo do Distrito Federal (GDF).
Após a assembleia, os educadores seguiram para a frente do Palácio do Buriti, onde fazem um protesto que fechou as seis faixas do Eixo Monumental, no sentido Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia).
Esta foi a segunda assembleia promovida pelo Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) desde o início do movimento paredista. Na primeira, na quinta-feira (5/6), a categoria rejeitou a proposta apresentada pelo GDF e votou por manter os braços cruzados.
O Sinpro-DF informou que não houve negociação desde a última assembleia. “O que temos tentado é retomar a negociação por meio de interlocutores junto à SEEDF [Secretaria de Educação do Distrito Federal]”, comunicou o sindicato. A expectativa é de que ocorra uma nova reunião com representantes do Executivo local para tratar do assunto.
Mobilização
A professora Ana Kesia, do Centro de Ensino Médio (CEM) 2 de Sobradinho, ressaltou a importância da união entre os docentes: “É um momento de estarmos unidos, com foco nas pautas que envolvem toda a categoria”.
O professor Caio Romão, da Escola Classe (EC) 1 da Candangolândia, lembrou que cerca de 80% das escolas tiveram as atividades paralisadas na semana ada e que a categoria aguarda propostas melhores do GDF. “Nosso movimento é legítimo, é legal. Temos 60% de professores temporários e mais de 5 mil aprovados à espera da nomeação”, enfatizou.
A categoria planeja um ato unificado com os enfermeiros – que paralisam as atividades por 12 horas nesta quarta (11/6) –, em frente ao Palácio do Buriti. Além disso, os educadores organizaram um “piquetaço” no dia seguinte, contrataram carros de som para arem pelas ruas no fim de semana e marcaram uma nova assembleia para segunda-feira (16/6).
Greve dos professores
- Em 27 de maio último, professores e orientadores das escolas públicas do Distrito Federal decidiram entrar em greve a partir de 2 de junho, sem data para regressar às salas de aula.
- O Sinpro-DF acusou o GDF de ter fechado a mesa de negociações. O governo local nega essa informação.
- Em 29 de maio, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) aplicou multa de R$ 1 milhão ao Sinpro-DF para cada dia de greve e autorizou a SEEDF a cortar o ponto dos servidores.
- O Sinpro-DF recorreu contra a multa diária, mas, em 31 de maio, a Justiça do DF negou o recurso e manteve a penalidade.
- Apesar disso, os professores iniciaram a greve e recorreram ao STF.
- Na quinta-feira (5/6), após mediação do TJDFT, o GDF apresentou uma proposta pelo fim da greve: convocação de 3 mil professores em dezembro de 2025, com posse em janeiro de 2025; prorrogação do prazo do concurso público em vigência, que vence em 27 de julho; lançamento de novo certame; e construção do calendário do novo plano de carreira da categoria.
- Em votação durante assembleia na mesma data, os professores rejeitaram a proposta e mantiveram o movimento paredista.
- No dia seguinte, o ministro do STF Flávio Dino cassou a multa de R$ 1 milhão e cobrou informações complementares do GDF.
Mediadores
Na noite de segunda-feira (9/6), após reunião com representantes do Sinpro-DF e deputados, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) se colocou à disposição para intermediar a negociação com o Executivo local.
Em 4 de junho, a Presidência do TJDFT também assumiu esse papel e viabilizou a reabertura da mesa entre o GDF e os educadores.
A categoria cobra reajuste salarial de 19,8%, reestruturação da carreira, nomeação de aprovados em concurso e a correção do envio de informações de professores temporários ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
O governador Ibaneis Rocha (MDB) classificou a greve como “política”, disse que as negociações estão abertas e que o Palácio do Buriti autorizou, em março de 2023, o reajuste a todos os servidores e a incorporação da Gratificação de Atividade Pedagógica (Gaped) aos educadores.