Crise do IOF: PT quer reuniões fixas de Haddad e Gleisi com Congresso
Lideranças do PT destacam saldo positivo do embate sobre o Imposto sobre Operações Financeiras, após articulação dos ministros
atualizado
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A crise causada pelo reajuste do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) deixou uma espécie de aprendizado no PT. Nos bastidores, lideranças da sigla do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aram a defender a realização de encontros sazonais entre os caciques do Congresso e os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais).
Uma das sugestões feitas ao Planalto foi para uma agenda quinzenal com os líderes. A ideia é antiga no governo Lula, mas ganhou força após o encontro dos ministros neste domingo (8/6) com os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A reunião ocorreu para resolver o ime do IOF e medidas arrecadatórias que possam substituir o decreto criticado pelo Legislativo.
No caso, o governo deixou a agenda com um saldo considerado positivo. Aceitou recuar no imposto, mas o Congresso abriu espaço para revisitar o debate sobre as desonerações fiscais – uma batalha antiga do Planalto -, rever gastos, aumentar a taxação sobre bets e também ar a cobrar investimentos atualmente isentos. São as letras de crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA).
O encontro do último domingo durou quase seis horas, e ocorreu na residência oficial da Presidência da Câmara. A reunião começou por volta das 18h e só terminou pouco depois das 23h30.
Na avaliação de lideranças da sigla, crises poderiam ter sido desfeitas mais rapidamente ou até evitadas caso a articulação política do governo se encontrasse, acompanhada de outros ministérios, com as bancadas. Líderes do Centrão ouvidos pelo Metrópoles concordam. Uma das reclamações sobre o Planalto, nos primeiros dois anos do governo Lula 3, é que acordos fechados com a SRI não eram cumpridos porque travavam em outras pastas.
Dessa forma, o PT calcula que um encontro sazonal de Gleisi e Haddad, ou outros ministros de pastas envolvidas em negociações com o Congresso, impediria o descumprimento dos acordos fechados com o Congresso, e melhoraria a relação entre os Poderes. A melhora nas relações pessoais e a abertura de espaço para escuta de demandas também é um dos pontos destacados pelos petistas.
Governo enviará MP para editar IOF
Haddad anunciou após a reunião de domingo que o governo federal vai editar uma nova medida provisória (MP) que permitirá “recalibrar” a cobrança do IOF. “Ponderamos sobre a necessidade de repensar o projeto original. Então, isso também vai ser matéria dessa medida provisória, que vai nos permitir recalibrar o decreto”, explicou o ministro.
Os presidentes do Legislativo demonstraram otimismo. “A Câmara dos Deputados , através do presidente Hugo Motta e dos líderes partidários, assim como nós, do Senado, através dos líderes do Senado, estamos juntos para buscar uma solução estrutural para o Estado brasileiros em relação às contas públicas”, disse Alcolumbre.